Conselho e água benta
O marquês de Pombal, muitas vezes chamado de "déspota esclarecido", gostava de dar conselhos a todos aqueles que nomeava para postos de mando no mundo português. Assim, a um governador do Maranhão, seu sobrinho, o marquês de Mello e Póvoas, Pombal fez uma carta dizendo-lhe como devia governar. Esta carta é, até hoje, um manual de bom senso. Não era na linha de Maquiavel, da sobrevivência esperta, dos interesses do Príncipe, mas na direção do bem comum. O primeiro conselho que lhe dava era o de ter espinhos nos ouvidos, para que as coisas não entrassem de uma vez só. E que quem governa deve ter dois ouvidos, um para ouvir o presente e outro para ouvir o ausente. Há um brocardo muito nosso que diz que "conselho e água benta só se dá a quem pede". E não há coisa mais difícil do que dar conselhos. Há muitas espécies de conselhos. Uma parte que se pode chamar de conselhos de bem-querer. São os dos amigos mais chegados, dos filhos, dos parentes e de todos aqueles