Sem ela eu não estaria aqui - Parabéns querida mamãe
















Corria o maio de 1963, com apenas 17 anos de idade, ela comemorava, esbanjando alegria e muita felicidade, fazia questão de contar a todos o motivo de sua felicidade, estava gravida, ia ser mãe, seu primeiro filho estava chegando. Mãe de primeiro parto, foram noves meses de enjoos, transformações e mudanças em seu corpo e mente que agora se adaptava para a maternidade.

Recém casada, morando no interior e enfrentando as dificuldades e limitações impostas pelas circunstancias e adversidades do momento, que não eram nada fáceis, minha mãe seguia em frente, feliz, sorridente e orgulhosa por me carregar em seu ventre, para ela este era seu maior tesouro.  

Na manhã de um domingo chuvoso, mais precisamente no dia 31 de janeiro de 1965 ela começou a sentir as primeiras dores que sinalizavam que eu estava chegando, chamaram a parteira e então iniciou-se o longo doloroso e complicado processo de um parto feito em casa por uma parteira e ainda por cima sendo a mãe de primeira viagem. A bolsa rompeu e eu não conseguia sair, iniciou-se ai um principio de panico, talvez eu não nascesse vivo.

Finalmente, depois de muito sofrimento da minha mãe e esforço da habilidosa parteira, as 20h00 de segunda-feira, primeiro de fevereiro de 1965, em uma noite chuvosa, dentro de uma casa humilde,  coberta de palha, com apenas dois cômodos, chão batido e iluminada a luz de lamparina, eu nasci, cheguei ao mundo. Minha mãe feliz comemorava, o sofrimento por um momento se transformou em alegria. 

Só que veio um outro problema, eu estava respirando mas como não chorei, imaginaram que estava com algum problema devido o longo tempo entre o rompimento da bolsa e o nascimento, além do mais apresentava uma mancha vermelha no pescoço, como se tivesse sido esganado durante o trabalho de parto. O hospital mais próximo ficava a cerca de 40 quilômetros, não havia transporte, e nem meios de chegar até lá. 

Minha mãe volta a entrar em panico, a parteira recomenda então que se espere 24 horas, se até lá não chorar é porque não vai sobreviver. Passado algum tempo, eu chorei e a minha mãe chorou junto comigo, um misto de alegria e felicidade invadia sua alma, eu havia sobrevivido, eu estava vivo, e ela apesar de todo o sofrimento comemorava feliz por deus ter poupado a minha vida. 

Incontáveis vezes, enquanto velava pelo sono dos pequenos e indefesos filhos, minha mãe ficava noites em claro pensando nos longínquos anos 2000, preocupada com o futuro, constantemente se interrogava, estaria ela viva para ver seus filhos adultos. Hoje, pela graça de Deus, ela está aqui, esbanjando saúde e vitalidade  ao lado dos 07 filhos, 17 netos e 09 bisnetos.

O tempo foi passando rapidamente, e hoje, 49 anos depois daquela noite chuvosa de 01 de fevereiro de 1965, aqui estou eu, pai de quatro filhos e avô de quatro netos, jornalista de carreira, firme, forte, feliz, realizado, rodeado de amigos e ciente de que tudo que sou e tenho, tudo que conquistei e alcancei, as alegrias, vitorias e sucessos só foram possíveis porque ela se sacrificou, se entregou, desgastou-se, anulou-se por mim. Minha mãe é a única responsável por tudo de bom em minha vida, afinal sem ela eu não estaria aqui.

Os pequenos e grande prazeres da vida, o admirar de uma paisagem, um momento único vivido, o por do sol, a leitura de um livro,  a acalorada discussão de um tema, só podem acontecer porque ela permitiu e lutou para que eu chegasse até aqui,  e tem muito dela presente, o DNA de minha mãe está impregnado em minha personalidade, somos uma mesma pessoa.

Minha mãe é tão especial, que ao invés de eu lhe dar o tradicional presente do dia das mães, ela foi quem me deu um lindo presente. Quando ela soube que estava precisando de um terno, devido as muitas atividades na área de jornalismo,  sem que eu soubesse, ela comprou um terno, camisa e gravata e me presenteou, fiquei, e ainda estou sem palavras.

A humilde, simples e pequena homenagem que faço a minha amada e querida mãe Raimunda da Costa pereira, neste 2º domingo de maio de 2014, é apenas um insignificante grão de areia no imenso e infinito mar de cuidados, atitudes e ações de depreendimentos feitos por ela ao meu favor nestes 49 anos.  

Abimael Costa.

Comentários