Ferrovias e desenvolvimento






















O Maranhão foi um dos últimos Estados brasileiros a ser contemplado com uma linha férrea, mesmo que desde meados do século XIX já fosse evidente tal necessidade.

Hildo Rocha 
Naquela época, qualquer bem produzido no interior do Maranhão era despachado para São Luís apenas por via fluvial, especialmente pelo rio Itapecuru. A falta de transporte contribuiu para o esfacelamento das promissoras culturas de algodão do interior do Estado.

A primeira estrada de ferro de caráter estratégico para a economia maranhense foi a linha entre Caxias e o povoado ribeirinho de “Cajazeiras”, nas margens do rio Parnaíba, defronte à Teresina, capital do Piauí. Foi construída pela “Companhia Geral de Melhoramentos do Maranhão”, e inaugurada em 1895. Com ela, estavam unidas por terra duas das mais importantes vias fluviais da região, o Itapecuru e o Parnaíba. Isso se adequava à filosofia dos que pensavam a economia do Maranhão na ordem imperial, ainda centrada na ideia de que os rios navegáveis seriam os caminhos de transporte por excelência da produção provincial.

Registro que a incipiente indústria têxtil maranhense foi prejudicada, no passado, pela precariedade do transporte de mercadorias, causada pela demora da chegada da ferrovia e do obsoletismo das empresas de navegação que serviam no rio Itapecuru. Sofremos no passado, não podemos repetir o erro e impor restrições ao desenvolvimento econômico do Estado no presente.

Somente no fim da década de 1920 do século passado completou-se toda a ferrovia São Luís, Teresina e Parnaíba.

Foram abertas várias estações e postos coletores nos principais povoados por ela atravessados.

Tivemos a honra, de ter a estação de São Luís inaugurada pelo então deputado federal Getúlio Dornelles Vargas que representou, na oportunidade, o Governo federal, talvez como forma de reconhecer que havia uma dívida com a população do Maranhão.

E como ela foi importante! A ferrovia salvou do aniquilamento completo a economia do Estado, transportando algodão, couros e babaçu, este último usado para a fabricação do óleo vegetal, que logo passou a compor nossa pauta de exportações, sendo largamente adquirido pelos países europeus.

Mas o que é lamentável, é constatar o abandono da linha, que se sucedeu às privatizações da malha da antiga Rede Ferroviária. Hoje, a ferrovia que recebia na década de 1950, diariamente, três composições de passageiros e 12 de carga, é operada pela Transnordestina Logística, que na via outrora pujante, transporta combustível e cimento entre as capitais do Maranhão e do Piauí, quase despercebidamente, tão raras as viagens.


A oposição entre passado e presente é, neste caso, essencial para a construção de um futuro auspicioso para o Estado do Maranhão e, por isso, é meu dever reivindicar a reabilitação do trecho ferroviário São Luís/Coroatá, hoje em má conservação em toda a sua extensão.

É fundamental que o país incremente o transporte ferroviário de passageiros, valendo-se da malha ferroviária existente ou das iniciativas de expansão da malha por meio das novas concessões. E o Estado do Maranhão não pode novamente ser preterido.

Os estudos mostram que o trecho ferroviário São Luís/Coroatá permitirá a integração do transporte ferroviário de passageiros com o transporte urbano em São Luís, contribuirá com a redução do nível de emissões de dióxido e monóxido de carbono, além de atender a região que abrigará o maior complexo industrial do Estado.

É importante destacar que precisamos explorar o potencial ferroviário maranhense, notadamente o segmento da Transnordestina que vai de São Luís a Coroatá e segue até Timon, levando a produção maranhense de aço, carvão, madeira, arroz e mandioca até o Porto de Itaqui. Não podemos, mais uma vez, lamentar a história; temos que ser protagonistas da reabilitação desta ferrovia assim como seremos paladinos da manutenção dos investimentos na Refinaria Premium da Petrobras, no Estado do Maranhão.

Hildo Rocha
Deputado federal

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