sábado, 26 de dezembro de 2015

No limiar de 2016 "Oração a Deus" de Voltaire entra na ordem do dia



Não é segredo para ninguém que vivemos tempos difíceis, o momento é preocupante, está cada vez mais complicado expressar opinião, assumir posição, defender uma causa sem que sejamos confrontados a todo o instante por uma exacerbada, perigosa e crescente onda de intolerância, discriminação e preconceito.

Atento ao perigoso clima de intolerância, o senador Cristovam Buarque se manifestou em uma rede social sobre o assunto:
 
As primeiras vítimas

Primeiro, a gente substitui argumentos por xingamentos; depois xingamentos por agressão verbal; depois agressão verbal por um tapas e murros; logo estes são substituídos por chutes e pancadas com paus; aí alguém puxa um revólver e sem propósito mata um adversário; e em breve o país se joga em guerra civil política, como aconteceu em tantas outras partes, apesar dos alertas rejeitados processem considerados gestos de quem está encima do muro. Em geral, são estes as primeiras vítimas, porque são agredidos pelos dois lados.

O texto "Oração a Deus "escrito por Voltaire, há 252 anos é hoje um dos mais lidos e mais atuais, o mais ilustre dos filósofos do Iluminismo francês escreveu o texto em forma de Oração a Deus que é parte do Tratado sobre a Tolerância, em um momento de extrema intolerância religiosa e de grave atentado aos direitos mais fundamentais do homem.
 
No epílogo de 2015 e limiar de 2016  a "Oração de Deus" de Voltaire é com certeza a mais atual e importante oração em todo o mundo. 

Oração a Deus
Voltaire

Não é mais aos homens que me dirijo, é a Ti, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos. Se é permitido a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do Universo, ousar Te pedir alguma coisa, a Ti que tudo criaste, a Ti cujos decretos são imutáveis e eternos, digna-Te olhar com piedade os erros decorrentes de nossa natureza. Que esses erros não venham a ser nossas calamidades. Não nos destes um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos.

Faz com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida difícil e passageira; que as pequenas diferenças entre as roupas que cobrem nossos corpos diminutos, entre nossas linguagens insuficientes, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas, entre nossas opiniões insensatas, entre nossas condições tão desproporcionadas a nossos olhos e tão iguais diante de Ti; que todas essas pequenas nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de ódio e perseguição; que os que ascendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar suportem os que se contentam com a luz do Teu sol; que os que cobrem suas vestes com linho branco para dizer que devemos Te amar não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto de lã negra.

Que seja igual Te adorar num jargão formado de uma antiga língua, ou num jargão mais novo; que aqueles cuja roupa é tingida de vermelho ou de violeta, que dominam sobre uma pequena porção de um montículo de lama deste mundo e que possuem alguns fragmentos arredondados de certo metal usufruam sem orgulho o que chamam de grandeza e riqueza, e que os outros não os invejem, pois Sabes que não há nessas vaidades nem o que invejar, nem do que se orgulhar.

Possam todos os homens lembrar-se de que são irmãos! Que abominem a tirania exercida sobre as almas, assim como execram o banditismo que toma pela força o fruto do trabalho e da indústria pacífica! Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos odiemos, não nos dilaceremos uns aos outros em tempo de paz e empreguemos o instante de nossa existência para abençoar igualmente em mil línguas diversas, do Sião à Califórnia, Tua bondade que nos deu esse instante.

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