FUNDADA A ACADEMIA DE LETRAS DE SANTA INÊS - Edmilson Sanches























FUNDADA A ACADEMIA DE LETRAS DE SANTA INÊS

Quando fundei a Academia Imperatrizense de Letras, em 27 de abril de 1991, fui atacado em jornal da cidade. Grupos literários manifestaram-se contra. Sem compreender (ou compreendendo o alcance da iniciativa mas mantendo-se miúdos) alguns verberavam: “ – Imperatriz não precisa de Academia de Letras; precisa é de emprego e comida”.

Como se gente fosse só bucho e bolso...

Hoje um ou outro dos difamadores e daqueles que eram “do contra” admitem a própria falta de visão, o erro. Nenhum se desculpou.

Imperatriz não ficou pior com a existência de sua Academia de Letras. Ao contrário: até um dos maiores eventos do gênero, o Salão do Livro (SALIMP) vem sendo realizado há mais de dez anos -- e coincidentemente iniciado no meu segundo período de mandato na presidência da entidade, fato igualmente e convenientemente não lembrado pelos pósteros, mas que se resgatará na posteridade). Tem biblioteca aberta diariamente para estudantes, pesquisadores e outros interessados. Vai às escolas ou por estas é visitada. É parceira e personagem de atividades culturais no município. Sob seu selo editorial ou por sua influência, ainda que à distância, dezenas e dezenas de livros foram escritos e lançados nestes mais de 20 anos de existência. 

Se não for para ajudar, uma Academia não vem para prejudicar.

Agora, depois de participar da fundação das academias de Caxias e Açailândia, contribuo para a criação da Academia de Letras de Santa Inês.

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23 de maio de 2013. Esta data passa a integrar o calendário de momentos históricos do município de Santa Inês. Nesse dia, uma quinta-feira, homens e mulheres que se dedicam à arte de escrever decidiram fundar a Academia de Letras de Santa Inês. 

SENTIMENTO E DECISÃO - Embora o sentimento comum que une a todos -- a organização da categoria de escritores, intelectuais e outros humanistas e o fortalecimento da cultura e arte literária --, a decisão só aconteceu após mais de quatro horas de explanações, sugestões e discussões, com diversos pontos sendo debatidos até de forma acalorada. Mas, ao final, o sentimento comum tornou-se vontade e conduziu à decisão: Santa Inês tem a partir de agora sua própria Academia e junta-se a outras cidades maranhenses igualmente históricas ou de dinamismo econômico, social e cultural como, entre outras, Imperatriz, Caxias, Açailândia e Pastos Bons, todas que há anos têm sua própria Academia de Letras, que prestam relevantes serviços culturais para suas comunidades.

HONRA E ORGULHO - A assembléia geral dos escritores, presidida por Edmilson Sanches, foi realizada na sala de reuniões da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), gentilmente cedida pelo empresário e presidente da entidade, João Nojosa de Sousa, que disse que “as portas da entidade sempre estarão abertas para ações de pessoas e grupos que pensem e lutem pelo melhor para o município de Santa Inês”. Segundo Nojosa, “é uma honra poder, de forma indireta, associar o nome da CDL a esse ato inicial de organização de uma categoria, como a dos escritores, que, com certeza, com sua própria Academia, só trarão mais orgulho para o município”. 

O INÍCIO – Relatos feitos durante a sessão de criação da Academia de Letras de Santa Inês mostram que vem de décadas atrás a intenção de criar uma entidade que reunisse os escritores. Nos últimos dez anos, em 2002 e agora em 2013, estiveram à frente das tentativas de organização o jornalista e escritor Clélio Silveira Filho e o jornalista, escritor e consultor Edmilson Sanches. Em 2002 menos de dez escritores atenderam aos esforços de Clélio Silveira e Edmilson Sanches. O sonho ficou adiado por dez anos. Agora em 2013 mais de 20 escritores compareceram e 18 chegaram ao final da longa reunião de 23 de maio. 

PRIMEIRA DIRETORIA – Além da fundação da Academia e aprovação do Estatuto, também foi eleita e empossada, sob as palmas de todos os presentes, a primeira diretoria e o primeiro conselho fiscal da Casa de Letras santa-inesense, à frente o professor e escritor Paulo Rodrigues dos Santos Filho. 

CADEIRAS – A Academia de Letras de Santa Inês terá quarenta membros, incluindo-se os 18 fundadores. Os demais 22 membros, a critério da Assembleia Geral, serão convidados pela Diretoria ou pelos atuais membros ou poderá ser aberta inscrição para ocupação das cadeiras vagas, cujos futuros titulares serão os fundadores da cadeira e deverão escolher um patrono para cada uma. Esses patronos, segundo o Estatuto da Academia, têm de ser escolhidos “entre nomes representativos da Cultura, Arte, Educação e História do Brasil, do Maranhão e de Santa Inês e região, a critério da Diretoria ou do primeiro ocupante”. Cada acadêmico deverá elaborar estudo sobre a vida e a obra do nome escolhido, justificando a razão da escolha.

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OS 18 DO FORTE - Há 90 anos, em julho de 1922, no Rio de Janeiro, Forte de Copacabana, 17 militares e um civil rebelaram-se contra a chamada “República Velha” e seus desvios, como o latifúndio e a não democracia. O civil e os militares idealistas, quase todos de baixa patente, eram mais de trezentos no começo. Depois, a imensa maioria desistiu e só ficaram 29. Um foi preso -- restaram 28. Por fim, após iniciarem uma marcha pela avenida Atlântica, dez abandonaram o grupo. Só ficaram 18, que entraram para a História brasileira como “Os 18 do Forte”.

Esse recorte histórico me vem à memória neste instante da fundação da Academia de Letras de Santa Inês. Das centenas de escritores, artistas e outros humanistas idealistas que ao longo dos anos -- dir-se-ia até dos séculos (20 e 21) – sonharam com uma Academia em Santa Inês, muitos se cansaram, alguns desistiram, mas exatamente 18 chegaram ao final das discussões e tomaram a decisão tão sonhada por tantos. É deles também essa realização.

Uma Academia é também um forte, uma fortaleza, onde soldados empunham e esgrimem letras para defender e fortalecer e o idioma, a literatura, a arte, a cultura e a Cidadania -- numa só palavra, a “identidade” -- de Santa Inês.

Parabéns aos 18 do forte. As letras estão e continuarão em marcha. 

esanches@jupiter.com.br

*BIOGRAFIA E PRODUÇÃO LITERÁRIA
EDMILSON SANCHES

Jornalista. Escritor. Professor.
Licenciado em Letras. Técnico em Contabilidade.
Pós-graduado em Administração e Negócios (Fortaleza – CE).Pós-graduado em Qualidade na Administração Pública (Brasília – DF).Pós-graduado em Comunicação e Desenvolvimento Regional pela ONU/UNESCO e Universidade Metodista (São Bernardo do Campo - São Paulo).
Cursou, sem completar, o curso de Direito e pós-graduação em Psicopedagogia.
Como formação complementar, tem, entre outros, os cursos de "Update in Organizational Behavior" [Atualização em Comportamento Organizacional] pela Wharton School (São Paulo) e Gerentes de Classe Especial e de Primeira Classe (Banco do Nordeste, Fortaleza - CE).
É presidente de honra do Conselho Municipal de Educação de Imperatriz. Suas atividades docentes incluem cursos de Liderança Comunitária, Polícia Cidadã (Universidade Estadual do Maranhão), Motivação Pessoal e Profissional, além de cursos de capacitação e pré-vestibulares.

Escreveu diversos livros nas áreas de Comunicação, Administração e Desenvolvimento. Palestrante e conferencista em diversos pontos do País. Pesquisador nas áreas de Jornalismo, Segurança Pública e Violência, Desenvolvimento e Trabalho.
Ex-funcionário do Banco do Nordeste, onde trabalhou mais de 20 anos, tendo sido Coordenador de Comunicação em Fortaleza e Assessor da Presidência em Brasília.
No serviço público, foi Secretário do Desenvolvimento Integrado, Secretário da Comunicação e da Cultura e Subsecretário de Governo e Projetos Estratégicos.

Autor dos livros "Cidade e Sociedade – Crítica e Construção do Desenvolvimento" (sobre o desenvolvimento de Imperatriz) e "Desenvolvimento com Envolvimento – Metodologia e Prática de Gestão Participativa", trabalho que foi selecionado entre estudiosos de diversos países para compor o Anuário da ONU/UNESCO e Universidade Metodista de São Paulo em 1997. Outros livros publicados: "Cultura, Poder e Mudança no Banco do Nordeste" (administração), "Dez Para Você" (motivação) e "Comunicação Interna – Produtos e Processos, Meios e Mensagens para a Gestão de Seres Humanos nas Organizações" (administração).Instituições de que é membro: Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje); Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef); Instituto Latino-Americano de Criatividade e Estratégia (Ilace); Instituto de Defesa do Consumidor (Idec); Associação de Imprensa do Distrito Federal (AIDF); Academia Imperatrizense de Letras; Academia Caxiense de Letras, Associação Brasileira de Telemarketing (ABT), Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Associação de Leitura do Brasil (ALB), Confraria dos Bibliófilos do Brasil (CBB).

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