O tamanho do salto



EM: 17 de outubro de 2012

A deputada Eliziane Gama foi violentamente atacada, ontem, pela campanha do deputado Edivaldo Holanda Júnior, o que, se quisermos ser justos, teremos que dizer que provavelmente aconteceu sem o conhecimento do candidato. Mas é um ato que deixa transparecer um grau de raiva e prepotência que não devia ser próprio de quem disputa uma eleição; é coisa de quem está com o rei na barriga e acha que pode tratar os outros com desprezo e humilhação.

Todos os adjetivos da galhofa e do ridículo foram atirados sobre a candidata, pelo simples fato de que ela resolveu não optar por nenhuma das candidaturas que disputam o segundo turno desta eleição. 'Arrogante, rainha da cocada preta, última coca-cola do deserto, Pôncios Pilatos', assim trataram a deputada para em seguida afirmar que não merece respeito nem consideração, pois teria agido de forma covarde como líder ao não conduzir seus liderados. Houve até quem diabolizasse a moça evangélica que saiu quase do desconhecimento para se tornar líder em São Luís, afirmando que ela soltou Barrabás no mundo ou coisa parecida.

É o tipo de investida que fere os mais lídimos direitos constitucionais do cidadão e atenta contra a democracia. Ninguém está obrigado a apoiar candidatura de ninguém, seja lá porque motivo for, sejam estes os mais iluminados e imbatíveis candidatos do país. Estão, mais uma vez, fazendo política com o fígado e os insultos depõem contra a própria sobriedade do senhor Edivaldo Holanda Júnior; estão calçando um salto alto demais para a calçada onde pretendem subir. Imaginem o que diriam dela se tivesse tomado a decisão de apoiar João Castelo. Antes que pestanejasse, seria crucificada em praça pública.

Felizmente, tudo o que conseguiram foi evidenciar a importância da deputada dentro do processo eleitoral. Quase todo mundo com alguma evidência eleitoral no primeiro turno se manteve neutro no segundo e ninguém foi comparado a Barrabás e Pôncios Pilatos, ninguém foi taxado de covarde nem de arrogante.

Dizem que se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia-se. Mas nem todo mundo está preparado para desfilar de salto Luis XV na passarela política. Um mocasin, discreto, de vez em quando, pode até fazer bem à saúde. O que esperam lucrar agredindo uma pessoa que acaba de ter 70 mil votos e em pleno curso da campanha eleitoral? Se acaso estão confiando em pesquisas migratórias, esse é o mais fatal de todos os erros em qualquer campanha política. Se não sabem disso, o povo ainda não decidiu quem será o prefeito de São Luís. Portanto, é melhor ter um pouco de calma, respeitar os que não lhes rendem homenagem para não atrapalhar a campanha de quem pretendem eleger. Exigindo unanimidade, nada mais estão conseguindo além de se mostrarem radicais e intolerantes. E sobre isso já foi dito: 'Não se pode pensar em movimento radical, justo e vivo onde não haja controvérsia. A unanimidade absoluta só existe no cemitério'.

Sabem de quem é esta frase? Joseph Stalin.

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