Crack, assassinatos e guerra ao tráfico
EDITORIAL DO JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO EM 02/11/2012
São Luís parece ter sido atingida, de maneira brutal e implacável, pela praga que vem infernizando a vida da esmagadora maioria das mais de cinco mil cidades brasileiras, o crack, e com ele uma guerra cruel e sanguinária entre os que fazem o tráfico. De cidade com índices de criminalidade muito abaixo da média das do seu porte, a capital do Maranhão entrou para o cenário das áreas urbanas obrigadas a conviver com exércitos de viciados e, por via de desdobramento, armar-se para combater traficantes cada vez mais ousados e que recrutam assassinos de periferia como linha de frente das suas investidas.
O crack é o mais danoso de todos os males que afetam a sociedade brasileira no presente. As desigualdades sociais são o grande desafio a ser superado pelo Brasil, mas elas encontram-se permanentemente equacionadas e atacadas por programas revolucionários de transferência de renda e geração de emprego - como o Bolsa Família, por exemplo -, de modo que já não causam tantas chagas à nação. As drogas, ao contrário, são um mal corrosivo, danoso em todos os sentidos, que tem natureza subterrânea, e por isso se espalha, invisível, para alcançar suas vítimas indefesas nos extratos mais frágeis da pirâmide social.
Em pouco mais de uma década, o crack invadiu e dominou o Brasil. O resultado trágico dessa invasão está nas grandes e pequenas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde existem imensas "cracolândias" a céu aberto, e pequenas cidades das mais diversas regiões do país, que vivem hoje entre a perplexidade e o medo, sem saber o que fazer para se livrar o mal. Um dos grandes centros do país, cidade portuária e que aos poucos vai entrando na rota do tráfico internacional de drogas, apesar dos esforços combinados das polícias estadual e federal, São Luís entrou de vez na rota do crack, já amargando problemas sérios por causa do uso e do vício.
Mais do que conviver com viciados, que já são identificados em todas as faixa de escolaridade e renda, a capital do Maranhão enfrenta agora o problema adicional da disputa de traficantes por território e também pelo controle do fluxo de dinheiro que irriga o submundo: a guerra entre quadrilhas. Pelo menos metade dos assassinatos registrados pela polícia nos meses mais recentes está direta ou indiretamente relacionada com o tráfico de drogas, seja como ocupação de áreas, como ajuste de contas ou como forma de eliminar viciado que não paga a conta.
Dadas as proporções que alcançou, a presença do crack em São Luís já ganhou o "status" de tragédia urbana cuja solução não virá apenas com operações policiais. A capital abriga, infelizmente, um contingente expressivo de viciados, que são a massa que alimenta o tráfico, exigindo um forte trabalho de assistência só possível com a mobilização das três esferas públicas, a municipal, a estadual e a federal.
No campo estritamente policial, é preocupante saber que o combate ao tráfico não se limitará a operações eventuais, mas de uma guerra bem planejada e com etapas de curto, médio e longo prazo. Sem trégua.
EDITORIAL DO JORNAL O ESTADO DO MARANHÃO EM 02/11/2012
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