O suicídio e a doença mental - Ruy Palhano



                                                                                  POR: RUY PALHANO*
                                                                                     *PSIQUIATRA
                                                                 E-MAIL: RUY.PALHANO@TERRA.COM.BR



Por: Ruy Palhano* 


O suicídio constitui-se como um dos temas mais fascinantes e que sempre despertou muito interesse pela psiquiatria, muito embora ainda existam muitos medos tabus e preconceitos em seu entorno. Apesar de tudo, do ponto de vista da saúde mental, é um tema atualíssimo considerando o aumento vertiginoso nas taxas de suicídio no mundo de tal forma que tem levado muitos países a desenvolverem estratégias mais seguras e consistentes voltadas para o controle e a prevenção desta ocorrência na área da saúde pública.

Este é o segundo artigo que dedico este ano ao assunto, com o intuito de ajudar a quebrar os preconceitos sobre obre este assunto o que dificulta muito seu manejo em todos os sentidos e principalmente na sua prevenção. Outro achado epidemiológico importante é o aumento das taxas de suicídio entre jovens o que torna o mais preocupante, necessitando de medidas eficazes para se prevenir esta ocorrência.

Suicídio do ponto de vista psiquiátrico é um sintoma grave, que pode esconder patologias de tipos diferentes. Portanto, é uma manifestação psicopatológica que se revela através de pensamentos ou em atos suicidas. É um sintoma muito grave, pois o que está em jogo é a interrupção da vida pela própria pessoa, que na realidade é o que temos de mais valioso e importante em nossa existência, de tal forma que quando alguém chega a pensar ou a praticar o suicídio, ele de fato está muito doente, pois ninguém desfrutando plenamente de sua saúde mental, incorreria a esta prática.

Estima-se que mais de 80% dos suicídios ocorra entre pessoas portadoras de transtornos psiquiátricos e dentre estes estão: transtornos de humor com taxas em torno de 1/3; dependência e abuso de drogas, 7 a 15 %; transtornos de personalidade especialmente os do tipo Boderline; esquizofrenia; transtornos comórbidos, como por exemplo, alcoolismo e depressão, ocorrência muito frequente. 

Nunca se estudou tanto sobre o suicídio quanto se estuda hoje e, parte deste interesse se atribui a curiosidade científica aliada aos inúmeros prejuízos emocionais, afetivos, sociais e financeiros ocasionados por este fenômeno.

No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia, mas o número deve ser 20% maior, pois muitos casos não são registrados. As tentativas são dez a 20 vezes mais alta que a de mortes e a taxa de suicídio entre jovens, multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4%. De tal forma que nos últimos 45 anos o número de suicídio cresceu 60%, e que até 2020 a taxa global será de 2,4% e que no ano de 2020 ocorrerá 900.000 mortes por suicídio no mundo, de acordo com a OMS. Portanto ocorrerá uma morte a cada 35 segundos na população com idade entre 15 e 35 anos, passando o suicídio a figurar entre as três maiores causas de morte do planeta.

Nosso país é o que apresenta a menor taxa de suicido no mundo, variando entre 3,9 a 4,5 para cada /100 mil habitantes, mas como é um país de dimensões continentais e populoso, estamos entre os 10 países com maior número absoluto de suicídio. Um fato que vem ocorrendo aqui e alhures é a migração de grupo de mais idade para grupos de mais jovens que tentam se matar. Nos estados Unidos esta prática está entre as 10 principais causas de morte, pois em sua população a taxa de morte por suicídio passou de 11º em 2008 para 10º em 2009 respondendo por um quarto (1/4) da carga global de doença no ano de 2002 neste país. 

Com estes novos conhecimentos acredita-se que seja mais fácil adotarem-se medidas preventivas mais eficientes evitando com isto a morte prematura e evitável de milhares de seres humanos. Suicídio, trata-se e evita-se.

Ruy Palhano 

PSIQUIATRA Ruy Palhano Silva


MÉDICO NEUROPSIQUIATRA, PROFESSOR DE PSIQUIATRIA DO CURSO DE MEDICINA DA (UFMA),
 MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE (UFMA),
 ESPECIALISTA EM DEPENDÊNCIA QUÍMICA PELA (UNIFESP),
EX - PRESIDENTE DA ACADEMIA MARANHENSE DE MEDICINA.
RUY.PALHANO@TERRA.COM.BR





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