Ruy Palhano profere palestra sobre uso de drogas na adolescência







O psiquiatra Ruy Palhano proferiu, nesta sexta-feira, 7, no auditório da Procuradoria Geral de Justiça (Centro), palestras sobre aspectos que envolvem o consumo de drogas na infância e na adolescência. O objetivo foi prestar esclarecimentos a respeito do assunto a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, seus familiares e também a técnicos dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac).

O médico participou do evento a convite da 6ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude de São Luís, cuja titular é Fernanda Helena Nunes Ferreira, idealizadora do evento. "Estou aqui para colaborar com a minha experiência. A dependência das drogas em qualquer situação ou classe social é um problema gravíssimo de saúde pública no mundo todo e não há qualquer possibilidade de solução sem uma ampla articulação social", frisou Ruy Palhano no começo da palestra.

Ele também explicou que, muitas vezes, a dependência química causa danos à saúde mental, o que termina por agravar a situação do dependente. Por isso, teceu críticas às políticas atuais de saúde pública que prevêem a internação somente quando voluntária. Para o médico, esta seria uma das deficiências políticas da gestão de saúde mental no Brasil. "O dependente químico geralmente não tem condições de procurar tratamento por vontade própria, porque está com as funções cerebrais comprometidas. Daí, a decisão voluntária é um mito e não corresponde à verdade", enfatizou.

O psiquiatra comentou, ainda, que a internação para tratamento humanizado é necessária para evitar a prática de crimes. "Um pai que vê o seu filho viciado e agredindo seus familiares deve procurar tratamento para ele. Não há como esperar por uma decisão voluntária, porque a tendência é o agravamento da situação".

Ruy Palhano ainda destacou que, após a cura da dependência, a pessoa deve evitar qualquer contato com as drogas. "A memória pode ser facilmente resgatada e todo o comportamento do período desta experiência são reavivados", completou.

ATOS INFRACIONAIS

Um dos adolescentes que esteve presente na palestra está atualmente com 15 anos e é interno da unidade da Funac do Alto da Esperança. Ele contou que começou a usar maconha aos 9 anos quando morava em outro estado. Aos 13, já usava cocaína. Daí, passou a cometer atos infracionais. "Esta palestra é muito importante para orientar melhor a gente. Não quero mais usar drogas. Fazia muita coisa errada quando usava", disse.

CRÍTICAS

Antes da explanação de Ruy Palhano, a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Maranhão, Maria Ribeiro da Conceição, elogiou a proposta do evento, mas enfatizou que o problema do uso das drogas entre adolescentes, que culmina com a prática de delitos e infrações, deve ser combatida, principalmente, por meio da valorização da educação. "É necessário o oferecimento de politicas públicas articuladas de educação, esporte, lazer e cultura, para que a criança e o adolescente possam ser prioridade como prevê a constituição".

Participaram da mesa de abertura o procurador-geral de justiça em exercício, Suvamy Vivekananda Meireles; o diretor-geral da Procuradoria Geral de Justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho; a diretora da Secretaria de Assuntos Institucionais, Fabíola Fernandes Faheína Ferreira; a secretária municipal da Criança e Assistência Social, Roseli de Oliveira Ramos.

Após a primeira etapa da oficina, que foi direcionada para adolescentes e seus familiares, o psiquiatra realizou reunião de trabalho com técnicos dos Creas, das unidades da Funac e do Ministério Público.

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