Decapitado - EDITORIAL





Com o sugestivo tema "Decapitado", o Jornal Pequeno desta quinta-feira (24), em seu editorial levanta uma questão que por si só já é muito polemica  e controversa, a discussão tem vários lados e varias versões, além de ter também defensores árduos nos dois extremos, ou seja, há os que concordam com a visão do editorial e os que discordam de forma veemente. Qual é sua opinião??????
O Editorial discute o linchamento moral do ex-prefeito João Castelo, que segundo o texto, é articulado e promovido pela mídia local e que o principal objetivo desta sórdida campanha seria  julgar, condenar e punir João Castelo junto à opinião pública antes que se conclua a tramitação jurídica normal de qualquer processo ou que tenha ele a oportunidade de apresentar defesa.




Decapitado



Distante de São Luís e ainda sem esboçar qualquer gesto de defesa e sem que nenhum dos políticos ligados à sua administração, vereadores e secretários, tenha sequer protestado, o ex-prefeito João Castelo deve acompanhar estarrecido ao processo de demolição moral de que é vítima na imprensa e à intensa movimentação com que pretendem inculpá-lo por todas as desgraças de São Luís.

Discursos, notícias, entrevistas, ações judiciais, golpes publicitários, enchem as páginas dos jornais e a internet numa ação coordenada que une gregos e troianos num massacre tão violento que chega a gerar desconfiança em torno de seus reais propósitos.

Não se lê, entretanto, nada que tenha qualquer substância factual, não apresentam quaisquer provas ou indícios de provas de que tenha o prefeito se apropriado de recursos públicos na proporção alardeada pelas mídias organizadas na periferia política do Maranhão.

Tudo são suspeitas e em torno de suspeitas propõem auditorias, investigações, fazem acusações, mas a imagem do ex-prefeito é destacada como se passado tivesse por alguma condenação e a ação movida pelo eficiente Ministério Público do Maranhão houvesse já transitado em julgado. A sangria na veia jugular do prefeito é tão violenta que a hemorragia não se contém nem diante da inverossímil notícia de que os bens do ex-prefeito foram declarados indisponíveis e quebrados seus sigilos bancário e telefônico, embora seja possível – e nada estranho – que a Justiça maranhense tenha, de fato, tomado essa decisão.

O objetivo parece ser julgar, condenar e punir João Castelo junto à opinião pública antes que se conclua a tramitação jurídica normal de qualquer processo ou que tenha ele a oportunidade de apresentar defesa.

Eleito de repente inimigo público número um de todos os políticos, todas as justiças, todos os ministérios, João Castelo enfrenta um exército poderoso, uma coalisão de forças intermitente que pretende a todo custo bani-lo da vida pública.

Nem precisamos dizer que não era assim enquanto teve o poder nas mãos, enquanto dispôs de secretarias, autarquias, empregos públicos e da caneta que nomeava e demitia em São Luís.

Como Sarney e seu grupo não têm mais adversários na oposição, culpe-se única e exclusivamente o ex-prefeito por todas as desgraças do Estado, inclusive por não ter R$ 5 bilhões para manipular todo mundo. E ontem a Fundação Getúlio Vargas veio a público mostrar que existe na Prefeitura, contratado ainda por João Castelo, um Projeto de Reestruturação da Rede de Atenção à Saúde Básica de São Luís e segundo a ex-secretária municipal de Saúde, Maria Ieda Gomes Vanderlei, a Fundação foi contratada 'em razão das fragilidades e debilidades da estrutura organizacional da Semus'.

Razões seculares, que vêm desde quando a ditadura militar nomeou Mauro Fecury prefeito desta capital pela primeira vez. Em outras palavras, assim como tinha em curso um plano para resolver o problema viário e de transporte de São Luís, Castelo tinha também um plano para a saúde pública. Mas ele está fora do poder, perdeu a caneta, coisa que José Sarney nunca se permitiu. Rei morto, rei posto e se não se cuidar, decapitado.


EDITORIAL JORNAL PEQUENO 
24.01.2012

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