O novo e o diferente - Gastão Vieira




Findo o reinado de Momo e, com ele, mais um ciclo de férias, verão e descanso, é chegada a hora de fincar os pés no presente e planejar o futuro. O presente já chegou e nos conclama a abraçar 2013, um ano especial para o Brasil, sede dos próximos maiores eventos mundiais. Já nos próximos meses, Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude abrem alas para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

Ao mesmo tempo, mais de cinco mil prefeitos dão início a novos mandatos em meio a questões cruciais como a administração de orçamentos limitados, frente a demandas legítimas praticamente ilimitadas em meio a uma crise econômica latente. Neste cenário, o governo federal surge como um parceiro estratégico, fonte de recursos fundamentais para áreas vitais dos municípios. Acessá-los é tarefa relativamente simples, mas requer seriedade
administrativa e maturidade política. Temos, portanto, extenso dever de casa a cumprir, pautado pela premissa do exercício do republicanismo.

No caso do Maranhão, em particular São Luís, é necessário que esse espírito republicano resgate o amor e a alegria do ludovicense por sua cidade, não por acaso Patrimônio da Humanidade. Uma consciência que se esvaiu, nas últimas décadas, em meio a uma mentalidade política pobre, reduzida ao raciocínio tacanho, por maniqueísta, que define a qualidade de um trabalho por sua afinidade ou não com o nome Sarney. Precisamos superar essa dicotomia e discutir efetivamente quais são os desafios que o Maranhão tem pela frente. Certamente são muitos e pedem a união e o protagonismo de todos entes federados: Governo Federal, Estado e Municípios.

São Luís está hoje muito atrás de outras capitais nordestinas. É uma capital que se ressente da falta de obras estruturantes, a despeito do crescimento que o Estado alcançou ao longo da
década de 1980, impulsionado por investimentos em infraestrutura que chegaram a sete bilhões de dólares. Estradas de Ferro Carajás e Norte-Sul, Porto da Ponta Madeira, linha de transmissão de Tucuruí e empreendimentos do porte de Vale, Alumar e Suzano são apenas alguns exemplos. O Estado possui riquezas na sua agricultura, no petróleo, gás, celulose, e o enorme potencial do turismo. Contamos com pré-condições indispensáveis para darmos um salto, mas ainda enfrentamos essa triste dicotomia política.

Há muitos senões nessa questão. Falta, principalmente, a cobrança efetiva da realização do
novo, de novas ideias, de planejamento estratégico, no lugar da simples mudança do sobrenome de seus governantes. A população quer o novo, quer ação, quer resolução de problemas, e não apenas mudança de nomes. E isso só vai acontecer se mudarmos esse paradigma, com maturidade e uma população em estado de euforia e paixão pelo Estado e a cidade em que vivem. O Maranhão já viveu momentos assim, como na década de 1960, na memorável campanha para o governo estadual, protagonizada entre José Sarney e Renato Archer. Todos saímos vitoriosos. A discussão ampla e profunda engrandeceu o debate político e contribuiu para o amadurecimento da população.

As condições para os saltos, absolutamente necessários, de São Luís e do Maranhão estão postas. O novo prefeito da capital, Edivaldo Holanda, convocou um secretariado jovem, com garra e bom nível de formação. É tempo de realizar um plano estratégico que resulte em soluções unificadas para a população e inicie um diálogo franco e aberto com os governos estadual e federal.

As perspectivas são as melhores possíveis: só pelo PAC Cidades Históricas, São Luís receberá pelo menos R$ 100 milhões; o Ministério do Turismo tem R$ 244,9 milhões para 315 obras em todo o Estado, das quais 57 ainda não foram iniciadas e três estão paralisadas. Uma das obras que já conta com dinheiro em caixa - R$ 4,8 milhões - é a de implantação da infraestrutura do bonde do centro histórico de São Luís. O projeto, como se sabe, ainda carece de aprofundamento, numa conversa que necessariamente deverá juntar os órgãos estadual e municipal de turismo, o Ministério do Turismo e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A revitalização do centro histórico de São Luís é vital para o turismo na capital, grande polo de atração de turistas do interior do estado, mas que hoje se concentram nasáreas litorâneas. Esse é apenas um exemplo do que pode - e deve - ser feito em termos de turismo no Maranhão, e que requer um novo pacto entre os entes federados.

 Mudar é fácil, mas o discurso do novo tem que ser outro. Há uma lacuna enorme entre mudar e inovar. Nesse momento de crise econômica mundial e ameaça de déficit fiscal e aumento da inflação no Brasil, a saída para os municípios é aglutinar seriedade e criatividade, ousadia e coragem. Quem governa faz o que deve ser feito, não apenas o que pode ser feito.

GASTÃO VIEIRA
Ministro do Turismo

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