Oposição enfrenta crise e se divide no ano que antecede a eleição estadual
![]() |
Partido Socialista Brasileiro não assegura apoio ao PCdoB na corrida eleitoral; PSDB e PPS permanecem independentes. |
Ronaldo Rocha
Da Editoria de Política
O Estado Maranhão.
24-02-2013
Com intensas disputas internas e seguidas intervenções dos comandos nacionais, os partidos de oposição ao Governo do Estado começaram em crise o ano que antecede a corrida eleitoral ao Palácio dos Leões e divergem em relação à sucessão da governadora Roseana Sarney (PMDB). O PSB, do vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha, dá sinais de que pode não apoiar o PCdoB em 2014, assim como já garantiu a direção estadual do PPS - que prepara uma espécie de terceira via para o pleito. O PSDB, outro forte partido oposicionista, estuda apoio ao governo ou até candidatura própria e não esconde mágoas com o partido comunista que hoje lidera parte da ala de oposição no estado. A crise entre as legendas também tem a ver com a disputa por cargos no governo Edivaldo Holanda Júnior (PTC), que tem o primeiro escalão dominado pelo PCdoB.
Na semana passada, o prefeito de Santa Inês e secretário de Organização da Comissão Provisória Estadual do PSB, Ribamar Alves, afirmou que o partido deverá seguir linha de independência em relação ao grupo político formado pelo PTC, PCdoB e PDT para 2014. Ele assegurou que o partido pode até lançar candidato ao Governo do Estado.
Pré-candidato - "A princípio, o PSB tem interesse em ter candidaturas próprias, afinal de contas nós temos aí um pré-candidato a presidente da República com grande chance de sucesso na eleição, que é o Eduardo Campos. Ele sendo candidato, o PSB deve ter a sua candidatura a governador e claro, também a senador. Aí vamos discutir essa questão do nome", afirmou.
Ribamar Alves garante que, mesmo sem candidatura própria, o partido pode não se alinhar ao projeto oposicionista liderado pelos comunistas. "O Flávio é um bom quadro, mas toda eleição é uma eleição. Temos tido contato com ele, mas também já conversamos com outras lideranças do Maranhão", completou.
Roberto Rocha, vice-prefeito de São Luís e presidente municipal do PSB, se reuniu na semana passada com a deputada estadual Eliziane Gama, ocasião em que recebeu apoio de membros PPS ao seu possível projeto de candidatura ao Senado e discutiu as possibilidades de composição do partido com a Alternativa Popular, movimento comandado pela deputada e que pretende lançar candidato que não seja ligado ao Governo do Estado e nem à oposição hoje alinhada ao PCdoB.
Rocha foi eleito vice-prefeito na chapa patrocinada pelo partido comunista, mas disse sentir-se à vontade para debater a sucessão estadual com o PPS por não encarar a formação da coligação PTC/PSB/PDT/PCdoB, que elegeu Edivaldo Holanda Júnior em 2012 como um compromisso já firmado para o pleito do próximo ano. O gesto de Rocha foi criticado por membros do PCdoB, que utilizaram as redes sociais para desquealificar o projeto Alternativa Popular do PPS.
Futuro - Outro partido que parece se distanciar da pré-candidatura comunista ao Palácio dos Leões é o PSDB. Neto Evangelista, ex-candidato a vice-prefeito na chapa de João Castelo e líder do Bloco Parlamentar PSDB - PDT na Assembleia Legislativa do Maranhão, afirmou a O Estado, no início do mês, que o partido ainda definirá o seu futuro em reunião com os líderes regionais e municipais da legenda. Ele admitiu, no entanto, que a sigla também deve seguir caminho independente em 2014, o que esfacela ainda mais a oposição. "O partido também pode unir-se ao candidato da governadora Roseana Sarney, que deve ser Luis Fernando, ou a Flávio Dino, mas há resistência quanto a isso. Muitos no partido dizem que Flávio Dino tentou o quanto pôde aniquilar o PSDB nas eleições municipais de 2008 e 2012. Não só aqui em São Luís, mas em Imperatriz e outros grandes centros do interior do estado. Por isso, há muita mágoa com o ele", afirmou.
O prefeito de Imperatriz e uma das principais lideranças tucana, Sebastião Madeira, que falou a O Estado na última quarta-feira durante a eleição da presidência da Fderação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), não garantiu apoio à ala comunista em 2014. "Ainda vamos sentar para decidir que rumo tomar em 2014. Vamos avaliar todas as possibilidades, inclusive uma candidatura própria", finalizou.
Disputa por cargos na Prefeitura de SL
A crise entre os partidos que fazem oposição ao Executivo Estadual também está relacionada à disputa por cargos na Prefeitura de São Luís. O PCdoB ocupa hoje os principais cargos de primeiro escalão na administração municipal, o que provocou reação e até disputas internas no PSB.
Quem abordou o assunto na semana passada foi o prefeito de Santa Inês, Ribamar Alves, que reclamou do isolamento da legenda no governo de Edivaldo Júnior. Segundo Alves, o único membro do partido na Prefeitura de São Luís, além de Roberto Rocha, é o secretário de Agricultura, Pesca e Abastecimento, Marcelo Coelho. "Ele é filiado ao partido, mas não é indicação do partido. O PSB não indicou ninguém", reclamou.
Ele se disse ressentido pela falta de espaço e considerou o ato de Holanda Júnior e seus aliados como ingratidão. "Eu apoiei o Edivaldo, o responsável pela eleição dele fui eu. Tirei o PSB de dentro da casa do Castelo [PSDB], levei para o Edivaldo, comprei a briga, fui a Brasília, consegui uma coisa inédita que foi a intervenção em São Luís, restituí a Comissão Provisória com Roberto Rocha, consegui manter a aliança com o Edivaldo Holanda Júnior e na hora cadê o espaço do partido? Não tem. Zero. Não tem um membro do PSB compondo a equipe do prefeito", finalizou.
O PDT é outro partido que exige a garantia de espaços na administração municipal de São Luís. Além das duas secretarias ainda não criadas: Juventude e do Trabalho e Geração de Renda, que devem ter como secretários os pedetistas Olímpio Silva e Jerry Abrantes, respectivamente, a sigla não concorda com as substituições de diretores, coordenadores e supervisores educacionais em todas as escolas da rede municipal de ensino promovidas pelo secretário de Educação, Allan Kardec, filiado ao PCdoB. O PDT também disputa mais espaço no Executivo Municipal.
Mais
Outro partido de oposição em crise é o PDT, que tem como presidente estadual o deputado federal Weverton Rocha. A legenda foi uma das que patrocinaram a candidatura do prefeito Edivaldo Júnior. O chamado "Comitê de Resistência Democrática Jackson Lago" do PDT no Maranhão, liderado por Igor Lago, filho do ex-governador, que diverge de Weverton, exige novas eleições para a presidência da sigla e candidatura própria para o Governo.
Comentários
Postar um comentário
Credibilidade é o nosso maior patrimônio
Nosso objetivo é fazer jornalismo com seriedade, produzindo conteúdo regional, sobre política, economia, sociedade e atualidade, na forma de opinião, editorial e criticas.
Não somos o primeiro a divulgar a informação, mas somos quem apresenta o conteúdo checado, aprofundado e diferenciado.
Noticias qualquer um pode divulgar, mas com apuração e seriedade só aqui.
Jornalista Abimael Costa