Maranhão e energia





Esteve aqui a presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), doutora Magda Chambriard, que disse das realidades do Maranhão no setor de gás e afirmou sermos uma região estratégica para o país. Acrescentou que no próximo leilão para exploração de gás e petróleo, a realizar-se no mês de maio, aqui estarão concentradas as áreas mais promissoras.

A energia no Maranhão passou por várias fases. No século XIX e XX, a escassa fonte que tínhamos era a lenha, que alimentou por dezenas de anos as caldeiras a vapor que moviam engenhos e os velhos motores que produziam energia elétrica em São Luís. Só na metade do século passado os motores da Ullen Company, dois dos quatro, começaram a consumir óleo. Esse era um combustível caro que chegava em tambores, com um processo de descarga primitivo e perigoso. Lembremos que num desembarque desses explodiu em frente ao Palácio dos Leões, onde estava ancorado o pequeno navio Maria Celeste, que transportava combustível para o Maranhão.

Só em 1970, construída durante meu governo, entrou em funcionamento a Usina da Boa Esperança e, então, encerrou-se o ciclo da lenha com a chegada da energia hidráulica de baixo custo. Mas aí ficamos, até que Tucuruí, construída aqui ao lado, no Pará, ampliada no meu governo como presidente da República, deu ao Maranhão a possibilidade de ter energia abundante, de tal modo que uma indústria, a do alumínio, cujo insumo é 70% energia elétrica, foi instalada no Maranhão, com a Alumar, vinculada à Alcoa.

Agora entramos numa fase que vai representar um novo ciclo econômico: o Maranhão gerador de energia produzida por grandes centrais a gás.

A grande bacia sedimentar, hoje denominada Formação Parnaíba, já era conhecida há muitos anos e foi delimitada e melhor examinada também em 1988, quando, como presidente, determinei à Petrobras a perfuração de um poço exploratório no Maranhão, em Tuntum, na área que hoje, desmembrada daquele município, é Capinzal. Esse poço deu gás, mas a Petrobras àquele tempo não queria saber de gás e sim de petróleo e ali o deixou.

Somente agora voltou-se a explorar o subsolo maranhense. O primeiro poço da nova fase fica a 200 metros do antigo. Encontrou-se uma acumulação de gás de grande proporção. E a OGX, a concessionária, teve um recorde: dos 10 poços que perfurou encontrou gás em 7, quando a média mundial é 1 em cada 10. Hoje não há dúvida de que o Brasil dispõe de tanto gás quanto a Bolívia e a maior parte dele está no Maranhão. O que nós não sabemos, porque tem sido pouco divulgado, é que o gás do Maranhão já está produzindo 500 megawatts de energia para o Brasil, colocados na rede nacional, no linhão de Presidente Dutra, que interliga o sistema Cesf com Tucuruí. A OGX construiu a primeira usina, que já entrou em produção e, até o fim do próximo ano, a meta é chegar a 3.000 megawatts, o que equivale a 25% de Belo Monte, colocando o Maranhão no mapa da energia brasileira.

Daí porque esse leilão que vem aí vai ser uma disputa violenta, pois já se sabe que existe muito gás e a possibilidade de petróleo nos campos na plataforma continental é grande.

A Presidente da ANP vem nos despertar e dizer que o ciclo do Maranhão pobre está no fim. Vamos ser referência no Brasil e grande produtores de energia, nesta etapa, e, na próxima, polo petroquímico.

Agora é preparar recursos humanos para operar este novo ciclo. Temos motivos para comemorar.


COLUNA DO SARNEY

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