MÍDIA FAZ LINCHAMENTO MORAL ANTECIPADO DE SUPOSTOS ENVOLVIDOS


A imprensa maranhense foi no minimo precipitada quando divulgou uma lista com o nome de 41 prefeitos e ex-prefeitos supostamente envolvidos com a agiotagem, inclusive houve quem afirmasse que há qualquer momento seriam expedidos mandados de prisão contra os 41 supostos envolvidos.

A divulgação da lista com os nomes provocou uma avalanche de publicações em  blogues e redes sociais com julgamentos e condenações antecipadas aos prefeitos e ex-prefeitos citados, que acuados começaram a reagir, alguns decidiram entrar na justiça para provar que nada tem a ver com a agiotagem.  

Neste domingo o Secretário de Segurança Publica do Maranhão, Aluísio Mendes, falou sobre o assunto, em entrevista ao jornal o Estado do Maranhão o secretário afirma que ainda não é possível afirmar que todos os citados estejam envolvidos.

“Uma farta documentação foi apreendida quando a polícia realizou a operação para localizar e capturar os assassinos do jornalista Décio Sá, como documentos de empresas, cheques em branco assinados, contratos, entre outros. Toda essa documentação foi analisada e chegou-se ao número de 41 prefeituras que tinham algum tipo de citação. Não quer dizer realmente que essas pessoas estejam envolvidas. A polícia está aprofundando as investigações e chamará os gestores e ex- gestores para saber o tipo de ligação que eles tinham com os agiotas”, disse Aluísio Mendes.

O Deputado estadual e presidente do Diretório Municipal do PMDB, Roberto Costa, também se manifestou sobre o assunto, segundo o parlamentar o processo ainda está em fase de investigação e que durante esta fase os gestores terão o direito de apresentar sua defesa, "Ninguém pode fazer um pré julgamento a qualquer processo de investigação que ainda não foi terminado" enfatizou o parlamentar.

Segundo o Blog do Luis Cardoso, existem casos em que uma das empresas (e não são poucas) ligadas ao agiota Gláucio Alencar venceu a concorrência pública em cidades citadas pela polícia, mas os contratos não foram pra frente e os serviços sequer foram executados, sendo a empresa substituída pela segunda colocada no certame. Mas a polícia não se deu a esse trabalho de apurar com mais cuidado.

Em outros casos, empresas ganharam as licitações e os donos tiveram que tomar dinheiro emprestados do agiota para adquirir os produtos e fornecerem a merenda ou medicamentos.

Há alguns que chamam a atenção. Uma empresa venceu a licitação em Caxias, queria entregar apenas 30% da merenda, com o que não concordou o então prefeito Humberto Coutinho e a firma foi afastada.

Em Coelho Neto, o prefeito Soliney Silva desafiou a polícia a provar o envolvimento de sua gestão com a agiotagem e enviou uma carta ao secretário Aluísio Mendes pedindo esclarecimentos sobre as investigações.

Na cidade de Pindaré-Mirim, também citada pela Polícia como envolvida na agiotagem, o ex-prefeito Henrique Salgado juntou toda a documentação e vai entregar ao Ministério Público, à Procuradoria Geral do Estado, Procuradoria da República, ao TCE e TCU, mostrando que a merenda foi entregue regularmente.

Ele garante que não sabia se a empresa vencedora era ligada ou não a Gláucio. O importante, segundo o ex-prefeito, é que a mercadoria foi entregue, conforme contrato assinado.

LEIA ABAIXO A ENTREVISTA DO SECRETÁRIO DE SEGURANÇA ALUÍSIO MENDES

Prefeitos e ex-prefeitos envolvidos com agiotas serão ouvidos em maio

Secretário Aluísio Mendes diz que trabalho da Polícia Civil a partir de agora é definir o grau de envolvimento de gestores e ex-gestores com o esquema

Os prefeitos e ex-prefeitos de municípios maranhenses com ligação com a quadrilha de agiotas comandada pelos empresários Gláucio Alencar e o pai dele, José de Alencar Miranda Carvalho, serão ouvidos no próximo mês. De acordo com as investigações da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), 41 prefeituras têm algum tipo de ligação com os agiotas, acusados de serem os mandantes do assassinato do jornalista de O Estado, Décio Sá, fato ocorrido no dia 23 de abril do ano passado.

De acordo com o titular da SSP, Aluísio Mendes, o trabalho da polícia a partir deste momento será o de descobrir qual era o envolvimento desses gestores municipais com a quadrilha de agiotas. Mendes afirmou que esta atividade será desenvolvida analisando a documentação que foi encontrada em poder de Gláucio Alencar e José de Alencar Miranda Carvalho.

“Uma farta documentação foi apreendida quando a polícia realizou a operação para localizar e capturar os assassinos do jornalista Décio Sá, como documentos de empresas, cheques em branco assinados, contratos, entre outros. Toda essa documentação foi analisada e chegou-se ao número de 41 prefeituras que tinham algum tipo de citação. Não quer dizer realmente que essas pessoas estejam envolvidas. A polícia está aprofundando as investigações e chamará os gestores e ex- gestores para saber o tipo de ligação que eles tinham com os agiotas”, disse Aluísio Mendes.

O titular da SSP informou também que foram solicitadas à Justiça quebras de sigilos bancário e fiscal para dar prosseguimento às investigações.

“Nós já solicitamos as quebras dos sigilos bancário e fiscal não apenas das empresas fantasmas e de fachada que eram de propriedade da quadrilha de agiotas, mas também das prefeituras. Com o cruzamento destas informações, nós teremos dados mais precisos sobre qual prefeitura estava envolvida e a profundidade desse envolvimento”, completou o secretário.

Esquema - O esquema de agiotagem no estado foi denunciado por Décio Sá em seu blog e, segundo a polícia, esta teria sido uma das motivações para que o grupo de agiotas contratasse um matador, Jhonatan de Sousa Silva, para assassinar o jornalista.

De acordo com as investigações, o esquema começava nas eleições. Para financiar suas campanhas, os gestores contraíam empréstimos com a quadrilha, que, como pagamento, recebia dinheiro público por meio de facilitação em licitações de merenda escolar, medicamentos e programas federais.

O bando montava empresas de fachada para vencer licitações direcionadas e utilizava “laranjas”, entre eles pessoas que já haviam falecido.

Recursos - Os recursos saíam direto de contas de programas federais – como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Muitas vezes, os agiotas cobravam o empréstimo com juros entre 20% e 25% ao mês, o que aumentava ainda mais o valor da dívida.

As investigações da polícia apontaram também para o envolvimento no esquema de agiotagem e assassinatos de um capitão da Polícia Militar: Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita, que está preso, segundo a polícia, acusado de ter fornecido a arma para o pistoleiro Jhonatan matar o jornalista. Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, e José Raimundo Charles Sales Júnior, o Júnior Bolinha, também foram indicados pela polícia como integrantes do esquema de agiotagem. Eles teriam sido os responsáveis pela contratação do pistoleiro.

Jornal O Estado do Maranhão
28.04.2012

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