Deus quer, Deus quis, Deus seja abençoado!



Tombo de Mau Olhado


Pedi ao Astro de Ogum que me providenciasse um pé de pinhão roxo para guardar o meu jardim de “maus olhados” e “olhos excomungados”. Pois não é que depois de trinta dias de hospitalização e momentos de forte tensão e apreensão, ao voltar a casa, perco o equilíbrio — eu que sempre fui equilibrado — e levo um tombo que até hoje me deixa sequelas e desconforto na coluna.

Agora, volto aos meus leitores de domingo. Primeiro com gratidão e agradecimento pelas manifestações de amizade, orações, telefonemas, telegramas e e-mails que recebi de todos os recantos do país, principalmente do Maranhão, onde não me faltaram carinho e solidariedade.

Só nos momentos difíceis podemos avaliar em sua exata dimensão o valor da solidariedade, o quanto conforta, alenta, ajuda o querer-bem dos amigos e o reconhecimento das pessoas. O que temos de melhor para viver é o gosto da amizade, da convivência e do amor.

Moreira Franco, meu amigo e Ministro da Secretaria de Aviação Civil, ficou preocupado e me advertiu que não descuidasse dos espíritos invejosos e maléficos que nos perseguem. Assim, mandou-me um “kit contra as artes de exu”, que incluía banhos de folha, defumadores e sabonetes de arruda, para que eu os usasse logo, evitando novas investidas dos “caboclos”.

Mas, católico e protegido desde o nascimento pelas rezas de minha mãe, acredito que as missas de que de todos os estados recebi notícias e o nosso São José do Ribamar estão atentos e vigilantes com sua graça e a benção de Deus.

Assim, quero agradecer a todos que me têm acompanhado pela solidariedade das mensagens e pela ajuda de estar do meu lado. Deus lhes pague.

Como nunca fiz mal a ninguém, sempre preguei a concórdia, perdoei os meus inimigos, guardei a minha fé, não tenho somente o sentimento de que a gratidão é uma arma que faz ter mais amor pelos amigos e mais bem-querer por aqueles que me têm sustentado nas horas boas e nas horas difíceis, dando-me a força de sempre agradecer, ser escravo dos que me guardam na amizade e na convivência.

Quando eu era Governador do Maranhão, um místico de Colinas, o Beatinho da Mãe de Deus, me escrevia contando suas histórias pelo sertão. Passava muitas dificuldades e perseguições, mas para todas, invariavelmente, tinha uma palavra final:

— Deus quer, Deus quis, Deus seja abençoado!

É esta a frase que repito agora, num destes momentos difíceis que fazem parte da vida da gente e que todos temos de passar, sempre com o amor de Deus na mente e O louvando por suas graças.


COLUNA DO SARNEY




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