Duas greves, uma cidade, nenhum governo
De CAOSTELO a EdNADA:
nenhuma mudança na administração de São Luís
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Franklin Douglas (*)
Duas greves ocorrem na capital maranhense: a dos professores municipais e a dos rodoviários e empresários de ônibus. Ambas são radicalmente diferentes no tratamento que recebem do poder público municipal.
A dos professores pleiteia reajuste salarial, melhores condições de trabalho (escolas caindo aos pedaços não faltam na cidade), eleição direta para diretores das escolas, dentre outros pontos. Para o atendimento de suas reivindicações, demonstram os recursos oriundos do FUNDEB e outras fontes que escapam à alegada crise financeira pela qual passaria a Prefeitura de São Luís.
Da Administração Municipal, os professores recebem a falta de diálogo; uma proposta risível de reajuste (em três parcelas...), ameaça de corte de ponto, isolamento na mídia local, que praticamente ignora a greve dos docentes municipais.
A greve dos rodoviários e empresários de ônibus é diferente.
Sim, cara leitora, caro leitor, parece esquisito, mas a greve não é apenas dos rodoviários. Basta raciocinar: onde já se viu greve de trabalhadores sem que empresários ameacem corte de ponto? Sem risco de demissão por faltar ao trabalho? Sem repressão aos mesmos para colocar os ônibus circulando? Há algo de suspeito nessa greve.
E a população percebeu rapidamente isso. Pelas redes sociais, fica claro: qualquer aumento de passagens significará uma explosão de protestos na cidade.
Se à greve dos professores sobra dureza na negociação, à dos rodoviários e donos de ônibus não faltam rodadas e rodadas de conversa. Sempre girando em uma saída miraculosa que beneficie os empresários, a partir do orçamento público, para que haja o reajuste aos salários dos rodoviários.
Fala-se em cortar a “domingueira”, o benefício que garante à população pagar meia passagem aos domingos; pensa-se em reduzir impostos; propõe-se atacar a fraude das carteiras estudantis, emitidas exatamente pelas entidades estudantis ligadas à Prefeitura, fiscalização rigorosa aos idosos, biometria facial etc, etc.
Só não se propõe o essencial: TORNAR PÚBLICA A PLANILHA DOS CUSTOS DO TRANSPORTE DE SÃO LUÍS; fazer a LICITAÇÃO DAS LINHAS; MELHORAR A QUALIDADE DO TRANSPORTE (ônibus novos, paradas e terminais decentes). A população até aceitaria pagar mais caro se houvesse um sistema de transportes de qualidade. Como ele inexiste, sua reivindicação é clara: NENHUM AUMENTO DE PASSAGENS!
Isso foi prometido há um ano pelo senhor Prefeito Edivaldo Holanda Júnior, quando recebeu em seu gabinete as lideranças das manifestações de junho de 2013: e até hoje NADA!! Nada de Conferência de Transportes, nada de Conselho Municipal de Transportes, nada de planilha dos custos do sistema! Foram apenas palavras ao vento.
Aos professores, prometeu-se há um ano um tratamento de permanente diálogo sobre as condições de trabalho e salarial da categoria. Também nada foi feito.
As fotos da situação das paradas, das latas velhas que são os ônibus que circulam na cidade, das escolas encharcadas pela água da chuva, pois o telhado não tem conservação, etc, revelam pela internet o completo abandono das escolas municipais. Escola em tempo integral, então, é um sonho reivindicar essa promessa de campanha!
QUANDO O PREFEITO TOMARÁ POSSE NA PREFEITURA? Parece ser a pergunta que paira na cabeça de todo ludovicense cujas esperanças depositou no atual gestor.
Em São Luís, é fato: temos duas greves, uma cidade e nenhum governo!
E para resolver essa situação é preciso chamar o povo à participação.
É necessário inverter a prioridade da gestão: TRATAMENTO DURO AOS DONOS DE ÔNIBUS, RESPEITO AOS PROFESSORES DAS CRIANÇAS DESTA CIDADE, senhor Prefeito!
(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 01/06/2014, opinião - p. 03
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