Considero o jornalismo um sacerdócio e como tal o exerço - FELIZ 2015




Chego ao final de mais  um ano, 2014 se vai, e os 365 dias que ficam param trás não foram embora em vão, eles foram muito especiais porque deixaram marcas, sinais, frutos e sementes. Sem nenhuma hipocrisia, este foi um ano de aprendizagem, de novas experiencias, de busca interior, de conflitos pessoais, e de uma procura cada vez mais  intensa e profunda por respostas para perguntas que talvez nem respostas tenham. 

O ano de 2014 foi um dos melhores anos de minha vida, durante este ano aprofundei minha inquietação em busca de um modo diferente de fazer jornalismo, ampliei minha fuga do sensacionalismo barato e evitei dizer apenas o mais do mesmo, busquei com afinco dizer aquilo que ninguém tinha dito ainda, intensifiquei a tentativa de mostrar os diversos e múltiplos lados da informação, fui ouvir aqueles que não tem vez e nem voz. Tudo isso que aconteceu  comigo em 2014 considero que sejam sementes lançadas ao solo e que germinarão em 2015 e nos anos e décadas que virão. Considero o jornalismo um sacerdócio e como tal o exerço.

Minhas convicções, opiniões e pontos de vista sobre os mais diversos temas, como política, religião, futebol e tantos outros, sempre foram claras e muito transparentes, tenho lado e tenho opinião própria, e os defendo com argumentos lógicos e fundamentados, aceito e respeito contraditório desde que seja apresentado com argumentos plausíveis e fundamentados em bases solidas. Não costumo confundir as amizades com o pensamento e a posição ideológica dos companheiros. 

Em 2015 completarei 50 anos de idade, meio século se passou, e eu hoje tenho mais perguntas do que respostas, mais incertezas do que certezas, a busca interior se amplia com o passar dos anos, a conversa com o EU e cada vez mais profunda, algumas coisas parecem não fazer mais tanto sentido, o olhar ampliado e seletivo parece aguçar o pensamento, fato que provoca auto-avaliações e cobranças cada vez mais intensas e as vezes injustas.

A busca do perfeccionismo é fruto da constatação de que tenho pouco tempo para realizar portanto não tenho mais tempo para errar, sou obrigado a acertar, sob pena de talvez não ter outra oportunidade para tentar. 

Chega de filosofar, afinal hoje é dia de comemorar, festejar e esperar o novo ano de 2015, deixo aqui a minha mensagem de fé, otimismo, paz e muita felicidade a todos os leitores destas linhas, aos que nos acompanham e a todos aqueles  com quem tive a felicidade de compartilhar momentos de alegria, paz e felicidade em 2014. 


FELIZ 2015 A TODOS 

Dedico a todos vocês este lindo texto de Frei Betto

Neste ano-novo, se faça novo, reduza a ansiedade, regue de ternura os sentimentos mais profundos, imprima a seus passos o ritmo das tartarugas e a leveza das garças.

Não se mire nos outros; a inveja mina a autoestima, fomenta o ressentimento e abre, no centro do coração, o buraco no qual se precipita o próprio invejoso.

Espelhe-se em si mesmo, assuma seus talentos, acredite em sua criatividade, abrace com amor sua singularidade. Evite, porém, o olhar narcísico. Seja solidário: estenda aos outros as mãos e oxigene a própria vida. Não seja refém de seu egoísmo.

Cuide do que fala. Não professe difamações e injúrias. O ódio destrói a quem odeia, não o odiado. Troque a maledicência pela benevolência. Comprometa-se a expressar alguns elogios por dia. Sua saúde espiritual agradecerá.

Não desperdice a existência hipnotizado pela TV ou navegando aleatoriamente pela internet, naufragado no turbilhão de imagens e informações que não consegue síntetizar. Não deixe que a sedução da mídia anule sua capacidade de discernir e o transforme em consumista compulsivo. A publicidade sugere felicidade e, no entanto, nada oferece senão prazeres momentâneos.

Centre sua vida em bens infinitos, nunca nos finitos. Leia muito, reflita, ouse buscar o silêncio neste mundo ruidoso. Lá encontrará a si mesmo e, com certeza, um Outro que vive em você e que quase nunca é escutado.

Cuide da saúde, mas sem a obsessão dos anoréticos e a compulsão dos que devoram alimentos com os olhos. Caminhe, pratique exercícios, sem descuidar de aceitar as suas rugas e não temer as marcas do tempo em seu corpo. Frequente também uma academia de malhar o espírito. E passe nele os cremes revitalizadores da generosidade e da compaixão.

Não dê importância ao que é fugaz, nem confunda o urgente com o prioritário. Não se deixe guiar pelos modismos. Faça como Sócrates, observe quantas coisas são oferecidas nas lojas que você não precisa para ser feliz. Jamais deixe passar um dia sem um momento de oração. Se você não tem fé, mergulhe em sua vida interior, ainda que por apenas cinco minutos.

Arranque de sua mente todos os preconceitos e, de suas atitudes, todas as discriminações. Seja tolerante, coloque-se no lugar do outro. Todo ser humano é o centro do Universo e morada viva de Deus. Antes, indague a si mesmo por que, às vezes, provoca nos outros antipatia, rejeição, desgosto. Revista-se de alegria e descontração. A vida é breve e, de definitivo, só conhece a morte.

Faça algo para preservar o meio ambiente, despoluir o ar e a água, reduzir o aquecimento global. Não utilize material que não seja biodegradável. Trate a natureza como aquilo que ela é de fato: a nossa mãe. Dela viemos e a ela voltaremos. Hoje, vivemos do beijo na boca que ela que nos dá continuamente: ao nutrir cada um de nós de oxigênio e alimentos.

Guarde um espaço em seu dia a dia para conectar-se com o Transcendente. Deixe que Deus acampe em sua subjetividade. Aprenda a fechar os olhos para ver melhor.

Feliz 2015!

Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.

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