terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Uma tragédia social







EDITORIAL - O ESTADO 

A família de Maria das Graças Castro, moradora da Vila Laci no Município de raposa, teve duas grandes perda ontem: A filha Sandylene Castro Araújo, de 17 anos, que morreu com um tiro de espingarda calibre 12 no rosto; e o filho, um adolescente de 15 anos, autor do disparo, que está foragido. Na realidade, a mãe já havia perdido o filho, quando o rapaz começou a se envolver com integrantes da facção criminosa Primeiro Comando do Maranhão. A tragedia não é apenas familiar, mas social.

Enquanto a garota tentava se encaminhar na vida, concluindo o terceiro ano do ensino médio e aguardando a provação no Enem para o curso de Enfermagem, o outro jovem era cada vez mais seduzido pelo mundo do crime. A primeira vida não tem mais como ser recuperada, mas e a segunda?

Em meio a polemica sobre a redução da maioridade penal, vale apena refletir sobre a situação de adolescentes infratores. No caso especifico da família de Maria das Graças Castro, é inegável que a tragedia anunciada poderia ter sido evitada. Por mais que a mãe alegue que o disparo tenha sido acidental, enquanto o adolescente limpava a arma na porta de casa, cabem vários questionamentos: a família tinha conhecimento que um jovem de 15 anos mantinha uma espingarda calibre 12 em casa? Como ele conseguiu essa arma?

Segundo a polícia o menor estaria envolvido no incêndio criminoso ocorrido no inicio do mês de outubro em um posto de combustível localizado na Raposa. Onde quer que esteja, esse jovem, embora com tão pouca idade, carrega nas costa, o peso de vários atos infracionais, como devem ser denominados os crimes praticados por menores de idade, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Com tantos jovens maranhenses sendo atraídos para o mundo do crime e protagonizando atos bárbaros como o assassinato da própria irmã, é preciso que famílias, escolas, sociedade civil organizada e poder público se unam para evitar que tragedias como a ocorrida ontem voltem a se repetir. Por mais que reduzir a maioridade penal seja uma medida drástica demais, levando em consideração que os adolescentes - por estarem ainda em formação, inclusive de caráter - tem o direito a uma segunda chance, é preciso buscar  medidas mais eficazes para evitar que esses jovens caiam nas garras do crime.

Mais do que garantir que adolescentes infratores tenham suas identidades preservadas, é preciso que entidades que defendem os direitos de crianças e adolescentes se empenhem também em ações de prevenção para que o numero de jovens envolvidos na criminalidade diminua.

Para cada jovem de baixa renda que vê no crime uma oportunidade de "se dar bem na vida", existem tantos outros que estudam, trabalham e almejam um futuro próspero de forma digna. Na casa de Maria das Graças Castro, por exemplo, havia uma garota que sonhava em ser enfermeira e conciliava os estudos com a criação do filho e um jovem que se aproximava cada vez mais de uma vida bandida. Por mais que seja este adolescente que atraia mais a atenção, por seus atos violentos, é preciso olhar também para jovens como Sandylene Castro Araújo, que tentava driblar as limitações de pertencer a uma família humilde para vencer por seus próprios méritos. O que será que faltou para que o adolescente seguisse os passos da irmã? 


EDITORIAL. Uma tragédia social. O Estado do Maranhão, São Luís, 29 nov. 2014. Caderno econômico Opinião, p. 04.

        

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