Grávida e bebê morrem em hospital - descaso, negligência ou fatalidade?



Uma sequência de erros culminaram na morte de uma jovem de 19 anos, e seu bebê, em uma Unidade de Saúde distante 65 quilômetros de São Luís. 

Uma mulher faz corretamente o pré natal, sente as dores, vai para o hospital, onde entra caminhando normalmente e doze horas depois de muita confusão é dada como morta oficialmente. 

Depois de oito horas internada, o quadro de saúde da paciente se agrava. Com o centro cirúrgico desativado, decidem transferir a jovem para outro hospital distante 111 quilômetros, mas não tem ambulância. Resolvem levar a paciente em um carro particular, no meio do percurso descobrem que a jovem não iria resistir a viagem e voltam para o hospital, onde a paciente morre minutos depois.

Parece estranho e perturbador que este caso não tenha ocupado a capa dos jornais, tampouco tenha viralizado nos sites, blogues e rádios maranhenses, afinal duas pessoas perderam a vida de forma trágica e desumana e não conseguimos ouvir o ruido das vozes de protesto, afinal este é o Maranhão de Todos Nós. A pergunta que não quer calar é: Quem são os culpados e quem vai ser responsabilizado por estas duas mortes?

O secretario de saúde do município diz sem rodeios: "enquanto o repasse de recursos para saúde do município não for revisto situações como essa continuarão acontecendo". Só que neste caso não foi só falta de recursos, tem outros agravantes que precisam ser apurados e denunciados a justiça, os culpados precisam ser penalizados. 

Grávida de nove meses, Naires Rodrigues, deu entrada na Unidade Mista Dr. Neto Guterres em Alcântara, às 6h40 de quinta-feira (30), queixando se de dores, a partir deste momento inicia se a via crucis da jovem que após muito sofrimento, iria terminar com a morte de mãe e filho.

Não está claro o que aconteceu com Naires entre o momento que foi internada, às 6h40, até as 14h, quando foi cogitada a sua transferência para outro hospital na cidade de Pinheiro, distante 111 quilômetros de Alcântara.

Segundo informações, a equipe teria tentado fazer o parto normal, só que ocorreram complicações durante o procedimento, sendo necessário transferir a paciente para outro hospital, já que o centro cirúrgico da Unidade Mista Dr. Neto Guterres está desativado, o que impossibilita a realização de uma cesária. 

Decidido a transferência, surge um outro problema, o hospital não tem ambulância para transportar a jovem, uma vez que o município de Alcântara, dispõem de apenas uma ambulância, que no momento estava fora do município. Naires foi então transportada em um veiculo particular, uma caminhonete modelo Hilux sem dispor de nenhum recurso de primeiros socorros.

Na metade do percurso o quadro de saúde da paciente se agrava e a caminhonete retorna para o hospital de Alcântara. Às 17h a Unidade Mista Dr. Neto Guterres solicita o apoio do GTA para transferir a paciente para São Luís. Ás 18h10, chega o GTA, às 18h30 a morte de Naires Rodrigues é confirmada oficialmente.

O secretário de saúde do município de Alcântara, Raimundo Neto, afirmou ao Portal G1 que o Centro Cirúrgico está fechado, pois o Ministério da Saúde só tem encaminhado R$25 mil para a manutenção do local. “Já falei com o Secretário de Estado de Saúde para pedir um apoio à saúde de Alcântara. Enquanto esse repasse não for revisto situações como essa continuarão acontecendo. Só temos uma ambulância em Alcântara. Nós tínhamos um paciente em estado mais grave para encaminhar a São Luís, já que quando Naires deu entrada a sua gestação não tinha complicações”, concluiu Raimundo Neto.
Francinete Pereira, tia da vitima, registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de policia de Alcântara. Revoltada, a população saiu as ruas para protestar contra o descaso e a negligencia com a saúde do município que culminou com a a morte de Naires Rodrigues e de seu filho. 

Abimael Costa - jornalista
02/08/15 

  


   

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