Bom dia, amigos e amigas!
Não costumo usar este espaço para relatar episódios pessoais, mas há exceções. Ao acessar a minha página hoje, vi que algumas informações sumiram e eu não sei o que aconteceu.
Bom, mas queria relatar a vocês um episódio grave que vivi ontem - domingo - 16/08/2015 - ao lado de meu marido e filha, uma bebê de apenas 9 meses.
Era meio dia de domingo quando adentramos a Avenida Ferreira Gullar, num trecho próximo a ponte que liga o Jaracaty com o Renascença. De repente, do nada, um homem armado e encapuzado nos obrigou a parar. Paramos e ato contínuo, cinco a seis homens pularam para a avenida, cobertos de lama e passaram a esmurrar o carro em todos os vidros, para que abríssemos as portas.
Um deles, armado de faca, me puxou para fora do carro, com minha filha no colo. O outro, armado de revólver, encostava a arma no meu marido, enquanto os demais entraram no carro e reviravam tudo. Meu marido manteve a calma e só pedia para que o bandido que o abordava deixasse os documentos que estavam na carteira. E eu, do lado de fora, apavorada e desesperada, só pedia ao que me segurava que não fizesse nada com minha filha. Todos encapuzados. O que me segurava, muito calmo, disse: "Calma, tia, a gente não vai fazer nada".
Pensei que fôssemos morrer. Era meio dia. O sol a pino e nossas vidas à mercê de quem não tem nada a perder. Pensei até que eles fossem levar o carro, mas me mandaram entrar de novo e assustados, saímos com portas abertas e tudo. Levaram celular, carteira, relógio, as compras de supermercado, bolsa e até minha carteira de advogada.
Alguns motoristas que vinham atrás de nós conseguiram dar a ré. Outros não tiveram a mesma sorte e igualmente foram assaltados. Fiquei em choque, assustada com a ousadia e com a violência sofrida. Mas muito, muito grata a Deus porque saímos ilesos. Nunca imaginei passar por isso, e muito menos numa avenida na qual sou acostumada a transitar.
Sei que o Maranhão não está imune à crise de segurança que o próprio país atravessa, apesar de todos os esforços que o novo governo vem empreendendo, com a convocação de novos policiais militares e um investimento nunca antes visto em inteligência.
Sei que violências de toda a sorte ocorrem de norte a sul do Brasil e ouvimos relatos todos os dias de pessoas de bem que têm suas vidas atacadas e seus bens subtraídos.
Mas o próprio sistema prisional está falido. Não pune, não recupera, não ressocializa. Do jeito que é hoje, é só depósito (imundo) de gente, escola profissionalizante de bandido. Ao lado de uma legislação obsoleta e por vezes esquizofrênica (o índice crescente de foragidos entre aqueles que conseguem saídas temporárias está aí pra mostrar) e de um judiciário abarrotado de processos e lento porque não consegue dar conta de tantas demandas, tem-se a receita do caldeirão do diabo.
Mas a despeito do susto e da sensação brutal de impotência, estamos gratos a Deus. Nossas vidas estão ilesas. Chorei muito ao pensar no que poderia ter acontecido conosco. Entrego a vida daqueles homens nas mãos de Deus.
E espero que vocês não tenham essa experiência funesta.
Uma sociedade mais segura, com oportunidades para todos e todas, é o que queremos.
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