Nós contra eles - por: José Reinaldo







Não serei eu a apontar o dedo e acusar o governador Flávio Dino de mandar vigiar prefeitos, ex-prefeitos e adversários em geral, além de monitorar juízes e procuradores como está exposto na diretriz assinada por chefes da Policia Militar. Mas, sendo o governador ou não o mandante da ordem de serviço tão estranha às atividades da PM, o assunto é gravíssimo e o governador deveria se explicar.

Sim, porque a Polícia Militar é um órgão de estado, que não tem como função intimidar a classe política. O assunto é muito difícil de explicar, mas, mesmo assim o governador deveria fazê-lo, porque a PM tem autonomia para atuar dentro das suas prerrogativas de dar segurança a população e não a de agir autonomamente fora dessas atribuições. 

Intimidar prefeitos no interior não é uma delas. Assim, essa ordem só pode ter vindo de cima, de autoridades acima da estrutura da PM. Se não veio, o caso é mais grave ainda, pois a PM estaria por conta própria extrapolando suas atribuições. 

Sem comando, estaria atuando autonomamente, o que seria gravíssimo, pois estaria sem controle, se imiscuindo na vida privada de cidadãos e cidadãs ao seu capricho. Nesse caso haveria um brutal desrespeito a autoridade do governador, obrigando-o a enfrentar uma crise sem precedentes no estado.

Seja como for, o assunto é sério.

Como a PM é altamente disciplinada e tem padrões rígidos de atuação os quais não se permite desrespeitar, a desconfiança natural é de que a ordem - ou o que foi confundido com uma - partiu de alguma autoridade do Palácio que acha que a oposição é inimiga e tem que ser esmagada.

De qualquer maneira, isso é o clima reinante no estado. Do “nós contra eles”, da escassa compreensão do papel da oposição, absolutamente necessária em uma democracia, para não deixar que os abusos e erros do governo passem em brancas nuvens, muitas vezes prejudicando a população.

É dever da oposição vigiar o governo e os seus atos, para que o poder não seja exercido pela força e pelo medo, como esse fato ocorrido poderia se tornar, não fosse a pronta reação da oposição, que denunciou com veemência o episódio ou até mesmo a tentativa de intimidação de políticos que não estão satisfeitos com o governo.

Se esse episódio prosperasse e a oposição se omitisse, o próximo a ser intimidado seria a própria população. 

O fato de que o governador trata os adversários como inimigos do povo e diz “que os maus vão perder de novo”, demonstra o pensamento de que exercer o governo dá a eles esse direito. Essa é a impressão que fica e que levou ao repúdio dos órgãos de imprensa em todo o Brasil.

O governador, autoridade maior do estado, é responsável por manter o clima de paz e cordialidade sempre existente entre nós e deveria tomar para si a tarefa de apaziguar os ânimos e de assegurar um clima de paz em toda a campanha.

Há tanta notícia ruim envolvendo o nosso estado que não precisaríamos de mais essa. 

O governador deve chamar a oposição para conversar e assegurar a todos que o fato não se repetirá e que é de seu interesse que o Maranhão tenha eleições em paz, justas e sem intimidação de quem quer que seja.

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