Historias de vida que não serão contadas ...



Por: Abimael Costa 

João, Evandra, Roberto e Fernando tem algo em comum, os nomes fictícios emprestam identificação a personagens bem reais. Conheço os quatro, todos já passaram da casa dos 70 anos, eles estão naquela fase que costumamos chamar de terceira idade, ou até mesmo de melhor idade, 

Teoricamente esta é a época de descansar, reviver a história de vida, escrever as memórias ou repassa-las oralmente, curtir os netos e bisnetos, fazer planos, viajar, viver mais intensamente aquilo que seria uma vida saudável e produtiva.

Mas será que na prática é isso mesmo que acontece? Infelizmente não, para nossa tristeza e desapontamento existe um imenso e profundo fosso entre a teoria e a realidade. A existência deste fosso me traz preocupação, angustia e até uma certa dose de ceticismo, afinal para onde estamos caminhamos? Minha querida e sábia mamãe costuma dizer: "quando você ver as barbas de seu vizinho pegar fogo, coloque as suas de molho".

Voltando aos personagens, João sofreu dois AVC - acidente vascular cerebral, teve complicações renais e há seis anos faz hemodialise três vezes por semana em São Luis, não anda, está em cadeiras de rodas desde 2012.

Evandra tem diabetes, pressão alta e taxas de colesterol elevadas, há alguns meses teve uma tontura, caiu e quebrou o fêmur, mesmo depois da cirurgia sofreu um AVC. Está em casa lutando para se livrar dos danos provocados acidente vascular cerebral. Fala normal, está fazendo fisioterapia para recuperar os movimentos do corpo.

Roberto foi submetido a delicada cirurgia, por conta do diagnostico de obstrução de diversos vasos do coração, meses depois passou a apresentar fortes dores abdominais, o diagnostico medico foi: Cálculo biliar, a famosa pedra na vesícula, com recomendação expressa de cirurgia, realizados todos os exames pré-operatórios, na hora de passar pelo cardiologista para o exame de risco cirúrgico, Roberto foi reprovado. Conforme o medico a cirurgia é de alto risco, portanto ele não autoriza. A partir deste parecer Roberto passou a conviver com as dores cada vez mais intensas provocadas pelas crises da vesícula.

Fernando sofreu dois AVCs em um espaço de quase um ano, levado às pressas para São Luís, exames mais detalhados apontaram problemas pulmonares, ainda internado em uma casa de saúde da capital, Fernando foi transferido para hospital de alta complexidade onde se recupera.

Já na casa dos 50, me aflijo com essa realidade cruel e desumana que marca o destino involutório daqueles que deveriam está aproveitando a vida de nodo intenso e vigoroso. Tenho ouvido relatos e visto cenas marcantes sobre este tema, o que me leva a fazer esta breve reflexão.     

"Depois de certa idade a gente tem mais coisa para contar do que para fazer. E algumas dessas historias nunca serão contadas, ficarão só na cabeça da gente..." Marinho Gusman 
      

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