Por Quem os Sinos Dobram, ou sobre nossos lutos e condolências seletivas
Por: Abimael Costa
Somos uma sociedade capitalista mediada por uma espécie de consumismo inconsciente e voraz.
Nossos filtros e critérios de avaliação elegem e priorizam o TER como parâmetro de aceitação, empatia e respeito, em detrimento do SER.
O resultado desta automatização está escancarado em nossas ações, decisões e escolhas.
Nossas demonstrações de luto, condolência, pesar e compaixão são seletivas e dependem única é exclusivamente do papel que o indivíduo ocupa na sociedade.
Agimos de forma inconsciente?
Talvez... Quem sabe não somos todos manipulados e comandados por um sistema imposto?
A verdade é que usamos cada vez mais nossas confortáveis máscaras sociais para esconder nossos verdadeiros sentimentos e intenções.
Estamos no automático, cada um buscando seus interesses e tentando tirar o máximo proveito de cada situação.
Perdemos a capacidade de nos emocionarmos, de nos indignarmos, de sentirmos a dor do outro?
Isso depende cada vez mais de quem é o outro e, principalmente do que o outro TEM.
O belíssimo texto do poeta John Donne (1572-1631), nos chama a reflexão, é um inquestionável convite a que voltemos às nossas origens:
“Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado, todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: Por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”
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