Cai mais um ícone do jornalismo impresso: Grupo Mirante decreta fim da edição impressa do jornal O Estado

Em circulação desde em 1º de maio de 1959, O Estado sai de circulação na versão impressa, em outras palavras, chega ao fim, 62 anos depois aquilo que nós - pessoas acima de 50 anos - nos habituamos a chamar de JORNAL. Leitor e assinante dos matutinos impressos do Maranhão, cultivei desde muito moço o prazer pela leitura dos impressos. Ainda cedinho antes no café da manhã, por décadas o primeiro compromisso era pegar o jornal colocado por baixo da porta.

Jornalista Abimael Costa - 12/10/2021 


Transcrevo na íntegra interessante e profunda reflexão sobre o fim desse ciclo, feita pelo ilustre *Paulo Pellegrini, jornalista, músico e renomado professor de jornalismo, - tive a honra de ser seu aluno -.  Texto disponível no: https://twitter.com/paulopellegri14 
 
O fim da edição impressa de O Estado nos faz refletir sobre a viabilidade do jornalismo nos dias atuais. O jornalismo "analógico" ficou caro. Jornais e revistas acabando, TVs demitindo a rodo.

As empresas se viram migrando para o virtual. Não tenho números, mas se estivesse dando muito, mas muito dinheiro, o modelo analógico poderia estar sendo sustentado, pois ainda há público pra ele (pessoas acima dos 50).

O ponto é que a informação está solta nos celulares de todo mundo e as novas gerações não parecem dispostas a ter que pagar por isso, pelo menos não tanto quanto as pessoas da minha geração fizeram a vida toda.

Eu tiro por mim, que comprava Revista Placar toda semana, nas bancas, e sou incapaz de clicar "assine aqui" nos paywalls da Folha, O Globo ou Estadão.

Para os profissionais, é cada vez mais premente abrir canais de vídeo, fazer lives, criar conteúdos online, em um cenário em que todos se transformam na própria mídia.

Apesar da horizontalização da comunicação, da democratização do acesso e da quase infinita oferta de conteúdo, se todo mundo é sua própria mídia, no limite, todo mundo é seu próprio público, o que pode tornar o negócio pouco rentável.

O desafio passa a ser, portanto, como ser atrativo, gerar engajamento e viver desse novo jornalismo para o qual poucos pagam. Senão a conta não fecha.

Jornalismo sempre foi pago, e esse dinheiro pagava salários, estrutura e enriquecia o dono. Agora, pagar por ele é um desconforto, os trabalhadores precisam gerar o próprio salário e as empresas estão em dificuldade.

Como não deveremos voltar para o papel, a única saída é encarar a realidade e encontrar formas para que o negócio seja viável para todos.

*Jornalista, musico e professor Universitário

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